Morning song
Love set you going like a fat gold watch.
The midwife slapped your foot soles, and your bald cry
Took its place among the elements.
Our voices echo, magnifying your arrival. New status
In a drafty museum, your nakedness
Shadows our safety. We stand round blankly as walls.
I’m no more your mother
Than the cloud that distils a mirror to reflect its own slow
Effacement at the wind’s hand.
All night your moth-breath
Flickers among the flat pink roses. I wake to listen:
A far sea moves in my ear.
One cry, and I stumble from bed, cow-heavy and floral
In my Victorian nightgown.
Your mouth opens clean as a cat’s. The window square
Whitens and swallows its dull stars. And now you try
Your handful of notes;
The clear vowels rise like balloons.
Canção matinal
O amor a movimenta como um relógio de bolso dourado.
A parteira estapeou a sola dos seus pés, e seu choro seco
abriu espaço entre os elementos.
Nossas vozes ecoam, louvando sua chegada. Estátua nova
num museu vazio, sua nudez
ampara nossa segurança. Perfilamo-nos pasmos como paredes.
Sou sua mãe
tanto quanto a névoa que em espelho reflete seu lento
esgarçar soprado pelo vento.
A noite inteira seu bafo de mariposa
tremeluz entre as pálidas rosas. Desperto e ouço:
um mar distante se move em meu ouvido.
Um choro, e caio da cama, pesada como uma vaca e floral
em minha camisola vitoriana.
Sua boca se abre limpa como a de um gato. O batente da janela
embranquece e devora as estrelas opacas. E agora entoas
sua sequência de notas:
as claras vogais sobem como balões.
Sylvia Plath (1932-1963), in "Ariel"
Um comentário:
Muito bom... ainda não conhecia nenhum poema da Silvia Plath... esse poema é ótimo. Tem a sua cara...
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