sexta-feira, 3 de julho de 2009

Sylvia Plath (1932-1963)

Mirror
Sylvia Plath

I am silver and exact.
I have no preconceptions.
Whatever I see I swallow immediately
Just as it is, unmisted by love or dislike.

I am not cruel, only truthful
The eye of a little god, four-cornered.
Most of the time I meditate on the opposite wall.
It is pink, with speckles. I have looked at it so long
I think it is part of my heart. But it flickers.
Faces and darkness separate us over and over.

Now I am a lake.
A woman bends over me,
Searching my reaches for what she really is.
Then she turns to those liars, the candles or the moon.
I see her back, and reflect it faithfully.
She rewards me with tears and an agitation of hands.
I am important to her. She comes and goes.
Each morning it is her face that replaces the darkness.
In me she has drowned a young girl, and in me an old woman
Rises toward her day after day, like a terrible fish.
Every morning I’m fishing me.

Espelho
Sylvia Plath

Sou prateado e exato.
Não tenho preconceitos.
Engulo imediatamente tudo que vejo
Exatamente como é sem a névoa do amor ou do ódio.

Não sou cruel, apenas verdadeiro,
O olho de um pequeno deus, com quatro cantos.
Grande parte do tempo, medito sobre a parede à minha frente.
É cor-de-rosa e manchada. Olhotanto tempo para ela
Que penso que entrou em meu coração. Mas ela refulge.
Rostos e a escuridão estão sempre a nos separar.

Agora sou um lago.
Uma mulher se curva sobre mim,
Procurando em minhas profundezas quem realmente ela é.
Depois ela se volta para esses mentirosos, as velas ou a lua.
Vejo seu dorso, e reflito-o fielmente.
Ela me paga com lágrimas e agitar de mãos.
Sou importante para ela. Ela vem e se vai.
A cada manhã, é seu rosto que sobrevém à escuridão.
Em mim, mergulhou como uma jovem e, de mim, uma anciã
Ergue-se em direção a ela, a cada dia, como um peixe terrível.
A cada manhã, pesco a mim.

Tradução: Thereza Christina Rocque da Motta


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