SONETO XVII
Pablo Neruda
No te amo como si
fueras rosa de sal, topacio
o flecha de
claveles que propagan el fuego:
te amo como se
aman ciertas cosas oscuras,
secretamente,
entre la sombra y el alma.
Te amo como la
planta que no florece y lleva
dentro de sí,
escondida, la luz de aquellas flores,
y gracias a tu
amor vive oscuro en mi cuerpo
el apretado aroma
que ascendió de la tierra.
Te amo sin saber
cómo, ni cuándo, ni de dónde,
te amo
directamente sin problemas ni orgullo:
así te amo porque
no sé amar de otra manera,
sino así de este
modo en que no soy ni eres,
tan cerca que tu
mano sobre mi pecho es mía,
tan cerca que se
cierran tus ojos con mi sueño.
SONETO XVII
Pablo Neruda
Não te amo como
se fosses rosa de sal ou topázio,
ou as setas de
cravos que expelem do sol.
Te amo como
certas coisas obscuras devem ser amadas,
em segredo, entre
a sombra e alma.
Te amo como um
botão que nunca se abre,
mas carrega em si
a luz das flores escondidas;
graças ao teu
amor, certa fragrância,
que se eleva da
terra, vive secretamente em mim.
Te amo sem saber
como, ou quando, ou de onde.
Amo-te de forma
direta, sem complexidade ou orgulho,
então te amo,
porque não conheço outro modo senão este:
onde nem eu nem
tu existimos, tão próximos,
que tua mão em
meu peito se confunde com a minha mão,
tão juntos que
teus olhos se fecham quando adormeço.
In "Cem
sonetos de amor" (1959).
Tradução
de Thereza Rocque da Motta.
Pablo Neruda (12/07/1904-23/09/1973)
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