sábado, 12 de julho de 2014

Pablo Neruda (1904-1973)

SONETO XVII
Pablo Neruda

No te amo como si fueras rosa de sal, topacio 
o flecha de claveles que propagan el fuego: 
te amo como se aman ciertas cosas oscuras, 
secretamente, entre la sombra y el alma.

Te amo como la planta que no florece y lleva 
dentro de sí, escondida, la luz de aquellas flores, 
y gracias a tu amor vive oscuro en mi cuerpo 
el apretado aroma que ascendió de la tierra.

Te amo sin saber cómo, ni cuándo, ni de dónde, 
te amo directamente sin problemas ni orgullo: 
así te amo porque no sé amar de otra manera,

sino así de este modo en que no soy ni eres, 
tan cerca que tu mano sobre mi pecho es mía, 
tan cerca que se cierran tus ojos con mi sueño.


SONETO XVII
Pablo Neruda

Não te amo como se fosses rosa de sal ou topázio, 
ou as setas de cravos que expelem do sol.
Te amo como certas coisas obscuras devem ser amadas,
em segredo, entre a sombra e alma. 

Te amo como um botão que nunca se abre,
mas carrega em si a luz das flores escondidas;
graças ao teu amor, certa fragrância,
que se eleva da terra, vive secretamente em mim.

Te amo sem saber como, ou quando, ou de onde. 
Amo-te de forma direta, sem complexidade ou orgulho, 
então te amo, porque não conheço outro modo senão este: 

onde nem eu nem tu existimos, tão próximos, 
que tua mão em meu peito se confunde com a minha mão, 
tão juntos que teus olhos se fecham quando adormeço. 

In "Cem sonetos de amor" (1959).

Tradução de Thereza Rocque da Motta.
Pablo Neruda (12/07/1904-23/09/1973)



Nenhum comentário: