Charles Baudelaire
Les amoureux fervents et les savants austères
Aiment égalemanet, dans leur mûre saison,
Les chats puissants et doux, orgueil de la maison,
Qui comme eux sont firleux et comme eux sédentaires.
Amis de la science et de la volupté,
Ils cherchent le silence et l'horreur des ténèbres;
L'Érèbe les eût pris pour ses coursiers funèbres,
S'ils pouvaient au servage incliner leur fierté.
Ils prennet en songeant les nobles attitudes
Des grands sphinx allongés au fond des solitudes,
Qui semblent s'endormir dans um rêve sans fin;
Leurs reins féconds sont pleins d'etincelles magiques
Et des parcelles d'or, ainsi qu'un sable fin,
Étoilent vaguement leurs prunelles mystiques.
(Spleen et idéal. LXVI. "Les Chats", Les fleurs du mal, 1861)
OS GATOS
Charles Baudelaire
Amantes fervorosos e sábios austeros
Amam igualmente, em sua idade madura,
Os gatos fortes e gentis, o orgulho da casa,
Que, como eles, são loucos e sedentários.
Amigos da ciência e do prazer,
Procuram o silêncio e o horror das trevas;
Érebo aprisionou-os como mensageiros funéreos,
Pudessem, em cativeiro, dobrar seu orgulho.
Sonham e imaginam os nobres gestos
Das grandes esfinges no fundo de sua solidão,
Como se dormissem um sonho sem fim;
Seus rins fecundos estão cheios de mágicas faíscas
E pepitas de ouro, além do pó da areia fina,
Que cintilam em seus olhos místicos.
(Spleen e ideal. LXVI. “Os gatos”, As flores do mal, 1861)
Tradução: Thereza Christina Rocque da Motta
Érebo ou Érebos (em grego: Ἔρεβος, transl.: Érebos, “trevas” ou “escuridão”) na mitologia grega, é a personificação das trevas e da escuridão. Tem seus domínios demarcados por seus mantos escuros e sem vida, predominando sobre as regiões do espaço conhecidas como “Vácuo”, logo acima dos mantos noturnos de sua irmã Nix, a personificação da noite. Érebo era filho de Caos. Juntamente com sua irmã gêmea, Nix, nasceram de cisões assim como se reproduzem os seres unicelulares; a partir de partes de Caos, Érebo e Nix passam a ser os imortais mais velhos do universo, logo depois de seu pai. Érebo desposou Nix, gerando mais dois deuses primordiais: o Éter (a Luz celestial) e Hemera (o Dia). Assim como a irmã, era capaz de tirar a imortalidade dos deuses. Érebo é o próprio universo, senhor dos cosmos e dos buracos negros. Hoje, entretanto, é uma potência esquecida. Está encerrado no Tártaro.