terça-feira, 30 de julho de 2019

Charles Baudelaire (1821-1867)


Semper eadem

"D'où vous vient, disiez-vous, cette tristesse étrange,
montant comme la mer sur le roc noir et nu?"
– Quand notre coeur a fait une fois sa vendange,
Vivre est un mal! C'est un secret de tous connu,

Une douleur très simple et non mystérieuse,
Et, comme votre joie, éclatante pour tous.
Cessez donc de chercher, ô belle curieuse!
Et, bien que votre voix soit douce, taisez-vous!

Taisez-vous, ignorante! âme toujours ravie!
Bouche au rire enfantin! Plus encor que la Vie,
La Mort nous tient souvent par des liens subtils.

Laissez, laissez mon coeur s'enivrer d'un mensonge,
Plonger dans vos beaux yeux comme dans un beau songe,
Et sommeiller longtemps à l'ombre de vos cils!

Sempre a mesma 

"De onde vens, disseste, essa tristeza estranha,
subindo como o mar a rocha negra e nua?"
– Quando nosso coração fez uma vez sua colheita,
Viver é um mal! É um segredo que todos conhecem,

Uma dor muito simples e não misteriosa
E, como sua alegria, brilha para todos.
Pare de procurar, ó bela curiosa!
E, embora tua voz seja suave, cala-te!

Cala-te, ignorante! Alma sempre feliz!
Boca de riso infantil! Mais que a Vida,
A Morte nos prende por laços sutis.

Deixa, deixa meu coração se embebedar com uma mentira,
Mergulhar em seus belos olhos como em um lindo sonho,
E dormir longamente à sombra de teus cílios!

in "As Flores do Mal"
Tradução de Thereza Christina Rocque da Motta 



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