THE MAN AND THE CHILD
Anne Morrow Lindbergh
It is the man is us who
works;
Who earns his daily bread
and anxious scans
The evening skies to know
tomorrow’s plans;
It is the man who hurries as
he walks;
Finds courage in a crowd;
shouts as he talks;
Who shuts his eyes and
burrows through his task;
Who doubts his neighbor and
who wears a mask;
Who moves in armor and who
hides his tears.
It is the man is us who
fears.
It is the child in us who
plays;
Who sees no happiness beyond
today’s;
Who sings for joy; who
wonders, and who weeps;
It is the child in us at
night who sleeps.
It is the child who silent
turns his face,
Open and maskless, naked of
defense,
Simple with trust, distilled
of all pretense,
To sudden beauty in
another’s face –
It is the child in us who
loves.
O
HOMEM E A CRIANÇA
Anne
Morrow Lindbergh
É
o homem em nós que trabalha,
que
todos os dias ganha seu pão e, ansioso, à noite,
indaga
aos céus o que o futuro lhe reserva,
é
o homem que corre ao caminhar,
se
inflama na multidão, e grita ao falar,
que
cerra os olhos e se enterra em seu trabalho,
que
duvida dos outros e veste uma máscara,
enverga
uma armadura e esconde suas lágrimas.
É
o homem em nós que tem medo.
É
a criança em nós que brinca,
que
todo dia encontra uma felicidade maior,
canta
por cantar, é curiosa e chora,
é
a criança em nós que, à noite, dorme.
É
a criança que, silenciosa, nos olha,
aberta
e sem disfarces, inocente,
simples
e verdadeira, e não finge
ao
ver a beleza em outro rosto –
é
a criança em nós que ama.
ALMS
Anne Morrow Lindbergh
Like birds in winter
You fed me;
Knowing the ground was
frozen,
Knowing
I should never come to your
hand,
Knowing
You did not need my
gratitude.
Softly,
Like snow falling on snow,
Softly, so not to frighten
me,
Softly,
Your threw your crumbs upon
the ground –
And walked away.
ÓBOLOS
Anne Morrow Lindbergh
Como
aos pássaros no inverno,
tu
me alimentaste;
sabendo
que a terra estava gelada,
sabendo
que
eu
jamais viria comer na tua mão,
sabendo
que
não
precisavas da minha gratidão.
Suavemente,
como
caem os flocos de neve,
suavemente,
para eu não me assustar,
suavemente,
atiraste
as migalhas no chão –
e te afastaste.
EVEN –
Anne Morrow Lindbergh
Him that I love I wish to be
Free:
Free as the bare top twigs
of tree,
Pushed up out of the fight
Of branches, struggling for
the light,
Clear of the darkening pall,
Where shadows fall –
Open to the golden eye
Of sky;
Free as a gull
Alone upon a single shaft of
air,
Invisible there,
Where
No man can touch,
No shout can reach,
Meet
No stare;
Free as a spear
Of grass,
Lost in the green
Anonymity
Of a thousand seen
Piercing, row on row,
The crust of earth,
With mirth,
Through to the blue,
Sharing the sun
Although
Circled, each one,
In his cool sphere
Of dew.
Him that I love, I wish to
be
Free –
Even from me.
ATÉ MESMO –
Anne
Morrow Lindbergh
Aquele
que amo, desejo que seja
livre:
Livre
como um ramo despido
no
alto de uma árvore,
alheio
à luta entre os galhos
que
se agitam em busca da luz.
Livre
da escura mortalha,
onde
tombam as sombras –
voltado
para o olho dourado
do
céu.
Livre
como a gaivota,
sozinha
num sopro de ar,
invisível,
onde
ninguém
poderá tocá-la,
nenhuma
voz alcançá-la,
ninguém
vir
surpreendê-la.
Livre
como uma folha
de
grama,
em
meio ao verde,
anônima,
entre
inúmeras iguais,
que
se espicham, se alinham,
recobrindo
a terra,
felizes,
apontando
o azul,
repartindo
o sol,
envoltas,
ainda,
uma a uma,
em
frescas gotas
de
orvalho.
Aquele
que amo, desejo que seja
livre
–
até
mesmo de mim.
Do
livro “O Unicórnio e outros poemas” (Ibis Libris, 2015)
Após seu casamento com o aviador Charles Lindbergh em 1929, Anne Morrow Lindbergh acompanhou o marido nos primeiros voos sobre o Atlântico Norte para o lançamento das primeiras linhas aéreas transoceânicas.
A trágica morte de seu primeiro filho forçou-os a mudar para a Europa em busca de segurança e privacidade. Quando a guerra fez com que voltassem aos Estados Unidos, fixaram-se definitivamente na costa de Connecticut, onde viveram de modo reservado, escreveram livros, e criaram seus cinco filhos.
Depois que as crianças cresceram e saíram de casa, o casal fez longas viagens à África e ao Oceano Pacífico em pesquisas ambientais. Viveram por vários anos na ilha de Maui, no Havaí, onde Charles Lindbergh morreu em 1974.
Anne Morrow Lindbergh voltou a morar em Connecticut, onde sempre recebia seus filhos e netos, e continuou a escrever, até sua morte, em 7 de fevereiro de 2001.