domingo, 27 de março de 2016

The naming of cats T. S. Eliot (1888-1965)

The naming of cats
T. S. Eliot

The Naming of Cats is a difficult matter,
It isn't just one of your holiday games;
You may think at first I'm as mad as a hatter
When I tell you, a cat must have THREE DIFFERENT NAMES.
First of all, there's the name that the family use daily,
Such as Peter, Augustus, Alonzo or James,
Such as Victor or Jonathan, George or Bill Bailey -
All of them sensible everyday names.
There are fancier names if you think they sound sweeter,
Some for the gentlemen, some for the dames:
Such as Plato, Admetus, Electra, Demeter -
But all of them sensible everyday names.
But I tell you, a cat needs a name that's particular,
A name that's peculiar, and more dignified,
Else how can he keep up his tail perpendicular,
Or spread out his whiskers, or cherish his pride?
Of names of this kind, I can give you a quorum,
Such as Munkustrap, Quaxo, or Coricopat,
Such as Bombalurina, or else Jellylorum -
Names that never belong to more than one cat.
But above and beyond there's still one name left over,
And that is the name that you never will guess;
The name that no human research can discover -
But THE CAT HIMSELF KNOWS, and will never confess.
When you notice a cat in profound meditation,
The reason, I tell you, is always the same:
His mind is engaged in a rapt contemplation
Of the thought, of the thought, of the thought of his name:
His ineffable effable
Effanineffable
Deep and inscrutable singular Name.

Dar Nomes aos Gatos
T. S. Eliot

Dar Nomes aos Gatos é uma questão muito difícil,
Não apenas um mero jogo de palavras;
Poderá pensar que sou como o Chapeleiro Maluco
Quando lhe digo que um gato deve ter TRÊS DIFERENTES NOMES.
Primeiro, o nome como a família o chama todos os dias,
Como Pedro, Augusto, Alonso ou Jaime,
Como Vitor ou Jônatas, Jorge ou Bill Bailey –
Todos nomes diários e racionais.
Há nomes mais bonitos, se quiser sons mais suaves,
Alguns para os machos, outros para as fêmeas:
Como Platão, Admeto, Electra, Deméter –
Mas todos nomes diários e racionais.
Mas, digo-lhe, um gato precisa de um nome especial,
Um nome peculiar e mais digno,
Senão como manterá sua cauda perpendicular,
Ou inflará seus bigodes e alimentará seu orgulho?
De nomes desse tipo, posso fazer uma lista,
Como Munkustrap, Quaxo ou Coricopat,
Como Bombalurina, ou até Jellylorum –
Nomes que só podem ser de um gato.
Mas, acima e além disso, falta ainda um nome,
E este nome jamais saberão;
Um nome que nenhuma pesquisa revelará –
Mas O PRÓPRIO GATO SABE e nunca confessará.
Quando vir um gato em meditação,
A razão, lhe digo, é sempre a mesma:
Sua mente está ocupada em longa contemplação,
Pensando, pensando, pensando em seu nome:
Seu inefável pronunciável
Pronuncinefável
Singular, profundo e inescrutável nome

Tradução de Thereza Christina Rocque da Motta


quinta-feira, 17 de março de 2016

Cai o pano - Agatha Christie (1890-1976)

"How women can be so foolish. What do they see in a fellow like that?"
"Who can say? But it is always so. The mauvais sujet - always women are
attracted to him."
"But why?"
Poirot shrugged his shoulders.
"They see something, perhaps, that we do not."
"But what?"
"Danger, possibly... Everyone, my friend, demands a spice of danger in their lives. Some get it vicariously - as in bullfights. Some read about it. Some find it at the cinema. But I am sure of this - too much safety is abhorrent to the nature of a human being.
Men find danger in many ways - women are reduced to finding their danger mostly in affairs of sex. That is why, perhaps, they welcome the hint of the tiger - the sheathed claws - the treacherous spring. The excellent fellow who will make a good and kind husband - they pass him by."


– Como as mulheres podem ser tão tolas? O que elas veem num sujeito desses?
– Como iremos saber? Mas isso acontece. O “mauvais sujet” – as mulheres sempre se sentem atraídas por eles.
– Mas por quê?
Poirot encolheu os ombros.
– Elas veem algo, talvez, que nós não vejamos.
– Mas o quê?
– Possivelmente, o perigo... Todos, meu amigo, buscam um pouco de perigo em suas vidas. Alguns o obtêm através dos outros – como nas touradas. Outros o encontram nos livros. E outros o encontram no cinema. Mas de uma coisa eu tenho certeza – segurança demais contraria a natureza do ser humano. Os homens encontram o perigo de vários modos – as mulheres estão reduzidas a encontrar o perigo principalmente nas paixões. Eis por que, talvez, apreciem as qualidades do tigre – as garras recolhidas – o salto traiçoeiro. O bom sujeito que daria um excelente e dedicado marido – elas o ignoram.  

Cai o pano (Curtain, 1975), de Agatha Christie, capítulo 5, página 23


Tradução de Thereza Christina Rocque da Motta