domingo, 19 de agosto de 2018

Mary Stuart (1542-1587)



Que suis-je hélas? Et de quoi sert ma vie?
Je ne suis fors qu’un corps privé de coeur,
Une ombre vaine, un objet de malheur
Qui n’a plus rien que de mourir en vie.
Plus ne me portez, O ennemis, d’envie
A qui n’a plus l’esprit à la grandeur.
J’ai consommé d’excessive douleur
Votre ire en bref de voir assouvie.
Et vous, amis, qui m’avez tenue chère,
Souvenez-vous que sans coeur et sans santé
Je ne saurais aucune bonne oeuvre faire,
Souhaitez donc fin de calamité
Et que, ici-bas étant assez punie,
J’aie ma part en la joie infinie.

Enfim, o que sou? Para que serve minha vida?
Sou apenas um corpo que perdeu o coração,
Uma sombra vã, um objeto de tristeza,
A quem nada mais resta senão morrer em vida.
Não me invejem mais, meus inimigos,
Pois não aspiro mais à grandeza.
Já vivi meu excesso de dor
Para atender à ânsia de sua ira.
E vós, amigos, que me quereis tão bem,
Lembrai-vos que sem coração e sem saúde
Não poderei alcançar nada de bom,
Desejai, assim, o fim desta calamidade,
E que, tendo sido eu bastante punida,
Terei minha parte de alegria infinita.

Tradução de Thereza Christina Rocque da Motta 
do livro "Bittersweet within my heart". 

Mary Stuart (7 ou 8/12/1542-8/02/1587), ou Maria I, foi Rainha da Escócia de 14 de dezembro de 1542 até abdicar, em 24 de julho de 1567. Antes fora Rainha Consorte da França como esposa de Francisco II, entre 10 de junho de 1559 e 5 de dezembro de 1560. Única descendente legítima sobrevivente de Jaime V, rei da Escócia, contava somente seis dias de idade quando seu pai morreu. Passou a maior parte da infância na França, enquanto a Escócia era governada por regentes, casando-se, em 1558, com Francisco, Delfim da França, que ascendeu ao trono em 1559 como Francisco II. Maria foi rainha consorte por pouco tempo, pois Francisco morreu no final do ano seguinte. Retornou à Escócia como viúva, chegando a Leith em 19 de agosto de 1561. Casou-se, quatro anos depois, com seu primo Henry Stuart, Lord Darnley, porém a união foi infeliz, mas tiveram um filho, Jaime. Sua residência teve uma explosão em fevereiro de 1567 e Henry foi encontrado morto no jardim. Acreditou-se que James Hepburn, 4.º Conde de Bothwell, orquestrara o assassinato de Henry, porém foi absolvido em abril de 1567, e casou-se com Maria no mês seguinte. Após um levante contra o casal, Maria foi aprisionada no Castelo de Lochleven, sendo foi forçada a abdicar em 24 de julho em favor de seu filho com Henry, então apenas com um ano de idade. Depois de uma tentativa mal sucedida de reconquistar o trono, Maria fugiu procurando a proteção de sua prima, a rainha Elizabeth I da Inglaterra. Antes Maria reivindicara o trono inglês para si e foi considerada como a legítima soberana da Inglaterra pelos católicos ingleses, incluindo os participantes da Rebelião do Norte. Vendo-a como ameaça, Elizabeth mandou aprisioná-la em vários castelos e mansões pelo interior do país. Após dezoito anos e meio, Maria foi condenada por conspirar o assassinato de Elizabeth, sendo decapitada em 1587, aos 44 anos de idade, no Castelo de Fotheringhay, na Inglaterra.